Reoneração da folha de pagamento deve gerar demissões no setor de TI
Representantes do setor de Uberlândia-MG preveem terceirização e forte redução no quadro funcional.
O Governo Federal anunciou, recentemente, que vai buscar maior arrecadação sobre a folha de pagamento de praticamente todos os setores da economia, inclusive do setor de tecnologia da informação. A notícia pegou os empresários de surpresa, já que terão a despesa elevada, uma vez que a decisão promove a substituição da alíquota de 4,5% incidente sobre a receita bruta por uma tributação de 20% sobre a folha de pagamentos.
'Essa decisão representa um aumento importante nos custos das empresas que dificilmente será absorvido pelo mercado. Dessa forma, o país compromete o seu futuro com base na inovação e tecnologia de informação e comunicação%u201D, avalia o presidente da i9 Uberlândia %u2013 centro de desenvolvimento de tecnologia e inovação do Triângulo Mineiro, Benedito Silva Filho.
De acordo com o diretor jurídico da i9, o advogado Gustavo Vitorino, a decisão do governo entrará em vigor em julho de 2017 e parece ter relação com a mudança na legislação trabalhista que, aprovada dias atrás, generaliza a possibilidade de as empresas terceirizarem seus serviços, já que a terceirização sabidamente é mais barata do que a contratação de empregados sob regime da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
Na visão do presidente do Sindicato das Empresas de Tecnologia e Informação de Uberlândia %u2013 Sindeti, Robson Xavier, a reoneração da folha de pagamento é um retrocesso para o setor. 'Em todo o mundo vemos iniciativas voltadas para o incentivo ao segmento de tecnologia e Inovação que hoje permeia todos os segmentos de mercado. Quando o governo altera as regras tributárias e fiscais, ainda mais no meio do ano, todo um planejamento fica comprometido. Precisamos de políticas claras, perenes e que entendam as mudanças que este mercado tem passado%u201D avalia Robson Xavier.
De acordo com dados informados pela i9, sustentados nas estatísticas das entidades representativas do setor de TI no país, como: Abes, Assespro, Brasscom e Fenainfo, a desoneração da folha teve efeitos positivos, no período de vigência da medida, entre os anos de 2010 e 2014. Nesse intervalo, o setor contratou 76 mil profissionais altamente especializados, formalizando vínculos e atingindo um total de 874 mil trabalhadores. A remuneração cresceu à taxa superior à própria receita. A partir de 2015, até o final de 2016, o setor devolveu ao mercado 49 mil trabalhadores, cerca de 64% do que construíra em quatro anos.